Edson
De Bortoli[1]
O verbo catequizar, no seu
sentido original, significa “fazer ressoar aos ouvidos”. Para os primeiros
cristãos, a catequese tratava-se de uma Boa Notícia que eles faziam ecoar nas
casas e nas praças (At.25,19); uma proclamação daquilo que eles tinham visto e
ouvido.
1. A
catequese no período apostólico (30 d.C. – 100 d.C.)
No período da
pregação apostólica, podem ser encontrados dois
momentos distintos:
·
Primeiro momento (de 30 d.C. até 70 d.C ): período do anúncio inicial (querigma): buscava-se despertar nos
ouvintes a fé inicial em Jesus, converter e apresentar os eventos centrais de
Cristo;
·
Segundo momento (de 70 d.C. até 100 d.C).: período do aprofundamento da fé e da
transformação da vida, movidos pela Palavra, em preparação para o Batismo (ensinamento, instrução , narração, catequese).
1.1 Características
da catequese no período apostólico
·
a
missão fundamental é a transmissão dos ensinamentos de Jesus. O Evangelho é o
anúncio de um fato positivo, vivencial, alegre, vitorioso, destinado a todos
(Mc 16,15)
·
o
conteúdo da pregação refere-se à vida, paixão, morte e ressureição de Jesus
Cristo.
·
o
anúncio da fé é adaptado aos destinatários;
·
a
catequese é destinada aos adultos em comunidade (Gl 1,2; 1Cor 1,2; Fm 1,2).
1.2 Enfoques
da catequese no período apostólico
·
Catequese
cristocêntrica (centrada na sua mensagem);
·
catequese
missionária (Mt 28,19);
·
catequese
litúrgica (centrada na Palavra, na reunião fraterna e na fração do pão (At
2,42-47));
·
catequese
testemunhal, cujo modelo de vida era Cristo (andar de acordo com seu projeto,
vida e mensagem, e não cumprir simples preceitos);
·
catequese
experiencial (a fé ainda não se encontra formulada em dogmas, mas é
integralmente vivida pelos fiéis e apresentada com o entusiasmo e a alegria de
quem descobriu sua salvação).
2. A
catequese no período patrístico (100 d.C. – 400 d.C.): a época do catecumenato
No início, o cristianismo estava
fortemente marcado pela cultura judaica. Na metade do século II uma mudança
progressiva se estabelece na relação do cristianismo com o mundo greco-romano.
Os cristãos tentam mostrar que o cristianismo corresponde ao ideal
greco-romano. Assim, para serem cristãos, os gregos não precisam renunciar ao
helenismo; ao contrário, no cristianismo encontrariam os verdadeiros valores da
sua cultura. Ao mesmo tempo, houve uma absorção dos valores mútuos no campo da
liturgia.
Por outro lado, o confronto com o
mundo pagão também se caracterizou para o cristianismo por épocas de violentas
perseguições da parte dos defensores da ideologia do Império Romano. Estas se
tornaram generalizadas, de modo que a evangelização e a catequese tiveram que
ser realizadas às escondidas, e a aceitação do batismo se tornou mais exigente.
Isto influenciou a estruturação do catecumenato.
2.1
Origens do Catecumenato
No início do cristianismo se
admitia ao Batismo todos aqueles que o pediam, mediante uma simples profissão
de fé no Cristo. Porém, logo surgiram as heresias que ameaçavam seduzir as
pessoas mais ignorantes. Além disso, aumentaram as perseguições, com o perigo
dos mais fracos não resistirem e entregarem seus irmãos ao exército.
Tudo isso levou a comunidade
cristã a pensar em fazer maiores exigências aos seus candidatos: preceder o
Batismo por um período mais ou menos prolongado de instrução na doutrina e na
moral cristãs, e pedir o testemunho favorável de membros da comunidade.
No século III, a Igreja determina
sua doutrina em fórmulas definitivas. Também passa a fazer maiores exigências
aos que se preparavam ao Batismo: o candidato precisava dar provas de
sinceridade e não exercer nenhuma profissão incompatível com os compromissos; também
devia ser apresentado oficialmente à Igreja por cristãos que se
responsabilizassem por ele.
2.2 Características
do catecumenato
·
Era
uma catequese para adultos;
·
o
candidato era apresentado à comunidade por
um cristão e os seus motivos eram seriamente examinados;
·
uma
vez aceito, ingressa no catecumenato
por um rito religioso; um catequista encarrega-se de sua instrução religiosa e
de verificar o seu comportamento; quando admitido à liturgia, pode ter um lugar
especial: é ouvinte da pregação e, ao
ser despedido antes da liturgia eucarística, reza-se sobre ele uma oração com
imposição das mãos;
·
a
primeira fase do catecumenato era concluída com um novo exame por parte da comunidade cristã, com a finalidade de
constatar se o catecúmeno havia progredido com a formação, e se merecia ser eleito para receber o Batismo;
·
o
testemunho do catequista era decisivo; se neste exame ele também obtivesse bom
êxito, o catecúmeno era admitido a uma preparação imediata para o Batismo. Com
a Igreja, vivia a quaresma em jejuns e penitências, e em instruções diárias com
as liturgias pré-batismais;
·
o
catecúmeno recebia o símbolo (Creio)
e o Pai Nosso, sendo deles examinado
oito dias depois (escrutínios);
·
recebido
o Batismo, os neófitos mantinham-se
de vestes brancas e completavam a sua instrução sacramental nas chamadas catequeses mistagógicas. Esta instrução
ia até o segundo domingo da Páscoa, quando as vestes brancas eram depostas.
Do quarto século em diante
começam a surgir os problemas na organização do catecumenato. O Batismo de
crianças se torna costume. Além disso, muitos pagãos decidem abraçar o
cristianismo quando este se torna religião oficial, mas sem disposição de mudar
de vida e de seguir as práticas impostas. Com isso, as regras que fixam o
catecumenato são relaxadas.
Referências bibliográficas
GEEURICKX, J. A catequese na comunidade cristã:
pequena história da catequese. Petrópolis: Vozes,1991.
KESTERING, J.;
BERTOLDI, M. Elementos da história da
catequese. Florianópolis: [SI].
SANTOS, L. P. dos. Catequese ontem e hoje. Porto Alegre:
EST/UCS, 1979.
[1] Bacharel em Filosofia pela
Faculdade São Luiz (FSL) em Brusque. Atualmente é acadêmico do 2º ano de
Teologia pela Faculdade Católica de Santa Catarina (FACASC).