Celebrar
a Misericórdia no Sacramento da Reconciliação
O Ano Santo da Misericórdia,
nos proporciona recuperarmos as obras de misericórdia corporais e espirituais: gestos
pessoais e comunitários que nos salvam da frieza e do distanciamento a que
somos quotidianamente tentados a viver das pessoas. Outro elemento importante
desse Ano da Misericórdia é o sentido do sacramento da reconciliação para a
vida cristã.
Hoje não podemos deixar
de falar de uma grave crise deste sacramento. Na maioria das paróquias
perdeu-se em grande medida a sua prática. Muitos participam da eucaristia sem
cuidar da prática sacramental da penitência. O sacramento é vivido por alguns
como um verdadeiro tribunal ou como maneira de controle. Em outros casos não
passa de uma mera obrigação, inserida na preparação para os sacramentos da iniciação
cristã. Acrescente-se a isso, a sensação de “inocência patológica”, que nega a
culpa e a transfere aos outros ou ao sistema. Aqui funciona um gigantesco
mecanismo de absolvição, que acaba por negar o pecado e as responsabilidades
pessoais.
Jesus é o Sacramento da
misericórdia. NEle a Igreja se torna sacramento de salvação e com seus sinais
celebra e transmite a riqueza de Sua misericórdia, a começar pelo batismo que perdoa os pecados e insere na
comunidade de vida e amor. O sacramento da reconciliação é também conhecido
como o “batismo das lágrimas”, que renova a graça batismal e oferece ao cristão
um novo começo. Ele é o verdadeiro refúgio dos pecadores, algo que todos nós
somos. Nele nos libertamos dos pesos que carregamos conosco. Em nenhum outro
momento experimentamos a compaixão de Deus de forma tão imediata e direta. Confessar
nossos pecados é sinal do nosso amor a Deus e pertença à comunidade, formada
pelo povo “santo e pecador”.
É preciso que nos
aproximemos desse sacramento com a confiança do filho mais novo da parábola do
Pai misericordioso (Lc 15, 11), na certeza de que o pai nos espera de braços
abertos, devolve nossa dignidade, festeja nosso retorno, e deseja ver a sua família
completa, feliz e reconciliada. Esse é o desejo do Pai do céu para a família
humana!
Como é importante revalorizarmos
esse sacramento! Cresceremos na confiança em Deus, na humildade e no
reconhecimento da nossa fragilidade. Nossas comunidades terão mais força
superar as suas divisões e partidarismos. Também poderemos encontrar um jeito
mais fraterno e caridoso para tratar as pessoas na Igreja, especialmente aquelas
mais feridas e distanciadas. Seremos uma Igreja mais misericordiosa!
Como você vive o
sacramento da reconciliação? É importante para você?
Pe.
Márcio Martins Rosa
Paróquia Cristo
Redentor – Caçador/SC