Os tempos da iniciação à vida cristã com inspiração catecumenal



Podemos dizer a iniciação à vida cristã com inspiração catecumenal é um processo semelhante a uma escada que exige subir degraus:




Como a ilustração acima demonstra, o itinerário de iniciação à vida cristã com inspiração catecumenal é constituído de quatro tempos: pré-catecumenato; catecumenato; purificação e iluminação; mistagogia. Vamos conhecer o que é próprio de cada um destes tempos.


1 Pré-catecumenato


O pré-catecumenato, também conhecido como querigma, é o tempo do primeiro anúncio, em que se busca despertar a fé e o desejo de seguir a Cristo e aderir à Igreja. São elementos constitutivos deste tempo a evangelização, o anúncio, a acolhida e o testemunho. Conforme o Ritual de iniciação cristã de adultos (RICA), este “é o tempo da evangelização em que, com frmeza e confança, se anuncia o Deus vivo e Jesus Cristo” (RICA, n. 9). Nele se dá o primeiro contato com os fundamentos da vida cristã que serão amadurecidos depois, no tempo do catecumenato.

O pré-catecumenato privilegia tudo o que expresse a acolhida da comunidade de fé. Para muitos, na verdade, o pré-catecumenato consiste no primeiro contato com a comunidade cristã. Este tempo apresentará ao simpatizante o rosto da Igreja, que poderá expressar-lhe o mistério que vive com um testemunho convicto. O catequizando perceberá que se torna impossível a experiência de Deus e o encontro com Cristo sem a comunidade eclesial.


2 Catecumenato


Após o pré-catecumenato e a acolhida do candidato por meio da Celebração de Acolhida, inicia-se o tempo do catecumenato, período mais longo do processo catecumenal, no qual se mergulha mais profundamente no mistério de Cristo. Neste tempo a catequese ocupa espaço central, já que é aqui que se oferecem as bases sólidas na construção de um novo perfil cristão, prezando-se especialmente pela participação na vida comunitária.

Neste tempo prolongado de maturação na fé, os catequizandos são alimentados pela Igreja com a Palavra de Deus e incentivados por atos litúrgicos. Assim, há uma maior integração entre catequese e liturgia, o que exige uma iniciação à vida litúrgica, a fim de que as celebrações e ritos de entregas expressem maior adesão à Cristo e à comunidade de fé. A introdução dos catequizandos na vida de fé da comunidade cristã não é feita apenas conceitualmente, mas celebrando a sua liturgia.


3 Purificação e iluminação


O tempo da purificação e iluminação é o mais curto dos quatro tempos. Sua finalidade é dar acabamento à preparação que aconteceu no catecumenato. É uma espécie de grande retiro espiritual que visa assegurar a preparação do catequizando à celebração dos sacramentos. Quer-se que o indivíduo progrida no processo de autoconhecimento e seja instruído sobre o mistério a ser celebrado.

Este tempo é iniciado com a celebração da eleição do catequizando aos sacramentos da iniciação cristã. “Denomina-se eleição porque a Igreja admite o catecúmeno baseada na eleição de Deus, em cujo nome age” (RICA, n. 22). Os catequizandos passam agora a ser chamados de eleitos.

A purificação e iluminação se dá normalmente na Quaresma. Nota-se a importância que o tempo quaresmal assume no processo de iniciação cristã, não apenas para os catequizandos, mas também para toda a comunidade. Como afirma o RICA, “a Quaresma renova a comunidade dos féis juntamente com os catecúmenos e os dispõe para a celebração do Mistério Pascal, ao qual os sacramentos de iniciação associam cada um” (RICA, n. 21).


4 Mistagogia


O tempo da mistagogia é o último tempo do itinerário catecumenal. Acontece no Tempo Pascal, após a celebração dos sacramentos realizada na vigília pascal. É o período que a Igreja dedica para garantir a continuidade experiencial após a celebração dos sacramentos. Em outras palavras, consiste na experiência recebida na iniciação cristã e agora vivida no cotidiano.

O termo mistagogia origina-se dos vocábulos gregos mystis, (que significa mistério), e agein, (que significa conduzir), adquirindo assim o sentido de conduzir ao mistério. Na iniciação cristã, o termo possui o sentido de ser conduzido para o interior do mistério que é Cristo.

O RICA costuma utilizar a palavra mistagogia entre aspas, para deixar claro que os tempos anteriores do itinerário catecumenal também são mistagógicos, uma vez que introduzem aos poucos o fel no mistério. Porém, a experiência mistagógica feita no Tempo Pascal é diferente, já que é o experimento dos sacramentos recebidos. Os pertencentes a este tempo participam plenamente da vida da comunidade, uma vez que possuem os mesmos sacramentos da Igreja. O que ainda lhes falta é um tempo oportuno para degustar a realidade sacramental da qual agora participam. É, assim, um tempo dedicado ao maior conhecimento e vivência dos mistérios celebrados.

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