terça-feira, 10 de maio de 2016

Interação entre Liturgia e Catequese: uma aproximação necessária
Edson De Bortoli[1]

Ao se fazer uma avaliação da realidade pastoral presente, percebe-se que, infelizmente, ainda insiste-se em manter, em lado opostos, a catequese, com tarefa estrita de doutrinação, e a liturgia, unicamente vista como ato de culto. Enquanto a primeira se limita na preocupação com os aspectos pedagógicos, a segunda se detém nos aspectos celebrativos. As duas permanecem sem unidade de fundo. A distância entre elas aparece como uma das principais causas da não continuação da vida comunitária eclesial das pessoas após sua recepção dos sacramentos. Deste modo, um dos grandes desafios do processo de iniciação à vida cristã consiste em romper a grande muralha que há entre a catequese e a liturgia. Se catequese significa fazer ressoar a mensagem, é importante que ela seja um lugar para o indivíduo tornar-se ouvinte da Palavra, isto é, que ela seja marcada pela densidade litúrgica e celebrativa. (Cf. REINERT, 2015, p.86-87). Como afirma Reinert (2015, p.87), “investir em uma iniciação cristã litúrgico-sacramental que relacione anúncio, formação, celebração e vivência da fé é um caminho necessário para superar uma compreensão catequética concebida unicamente como doutrina, e a liturgia como apêndice à educação da fé”.
A liturgia é dotada de forte teor catequético, enquanto a catequese conduz e educa para a vida litúrgica. Como lembra o Diretório Nacional de Catequese: “a liturgia é fonte inesgotável da catequese, não só pela riqueza de seu conteúdo, mas pela sua natureza de síntese e cume da vida cristã: enquanto celebração ela é ao mesmo tempo anúncio e vivência dos mistérios salvíficos; contém, em forma expressiva e unitária, a globalidade da mensagem cristã. Por isso ela é considerada lugar privilegiado de educação da fé.” (DNC, 118).
Conforme a Constituição Sacrosanctum Concilium, “a Liturgia é o cimo para o qual se dirige a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte donde emana toda a sua força” (SC, 10). Se esta afirmação for aceita como verdadeira e para a caminhada pastoral, então um processo catequético que não se aproxima da vida litúrgica perde sua razão de ser, além de fazer com que os sacramentos se transformem em simples ritualismos individualistas, sem nenhum sentido real para aquele que os recebe. (Cf. REINERT, p.87).
A proposta da metodologia catecumenal considera a iniciação á vida cristã como uma intensa celebração, intercalada por momentos celebrativos e rituais, que tem seu ápice na recepção dos sacramentos da iniciação à vida cristã, na noite da Vigília Pascal. Isso evidencia o potencial catequético da liturgia, que é um caminho que conduz o catecúmeno na linguagem dos símbolos e ritos litúrgicos. Por isso, ambas são importantes, pois se ajudam mutuamente na missão de introduzir o catecúmeno no Mistério Pascal. (Cf. REINERT, 2015, p.88).
A vivência de uma autêntica espiritualidade litúrgica é um modo de se viver constantemente a graça sacramental da iniciação cristã, renovada em cada celebração eucarística e celebrada o longo do ano litúrgico. Gera uma forma própria de ser cristão inserido no mundo, pois ela vai aos poucos forjando uma identidade cristã. Portanto, ela possibilita ao batizado a vivência de um contínuo estado de iniciação à fé. (Cf. LELO, 2005, p.129-131).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONCÍLIO VATICANO II, 1962-1965, Vaticano. Constituição Sacrosanctum Concilium. In: COSTA, L. (Org.). Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965). 1.ed. São Paulo: Paulus, 1997, p.33-86.

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Diretório Nacional de Catequese. Brasília: Edições CNBB, 2006.

LELO, A. F. A iniciação cristã: catecumenato, dinâmica sacramental e testemunho. São Paulo: Paulinas, 2005. (Coleção água e espírito).

REINERT, J. F. Paróquia e iniciação cristã: a interdependência entre renovação paroquial e mistagogia catecumenal. São Paulo: Paulus, 2015. (Coleção catequese).



[1] Seminarista do 3º ano de Teologia da Diocese de Caçador.

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