terça-feira, 17 de dezembro de 2013

NATAL: DEUS QUER UM LUGAR ENTRE NÓS

“Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,6-7).
As festas natalinas colocam diante de nossos olhos essa página, descrita com detalhes, do evangelista Lucas. O acontecimento íntimo do nascimento de Jesus não cessa de tocar o nosso coração por sua beleza e simplicidade. Não cessa de nos tocar o fato de que Deus – infinitamente santo, onipotente, onisciente, com todos os seus atributos – tenha se feito uma frágil criança, sujeita a todos os imprevistos daquela noite. Esse fato revela a grande confiança de Deus no ser humano. É como se Ele dissesse a cada um de nós: “Sei que minha grandeza pode te assustar, por isso venho a ti como criança e desejo de ti apenas duas coisas: cuidado e amor”.
Um detalhe, dito quase que de passagem por S. Lucas, deve tocar nosso coração, particularmente nesse tempo em que o coração das pessoas está mais aberto à solidariedade: “não havia lugar para eles na hospedaria”. A Palavra nos interpela a olhar o mundo, sobretudo os mais próximos, para ver quantos ainda estão sem lugar. Qual o nosso comportamento diante dos imigrantes, estrangeiros, refugiados, sem terra, sem teto, pobres e abandonados? A peregrinação da família de Nazaré à procura de abrigo continua através da história por meio de todos os “sem lugar”. Vejamos um exemplo disso: os noticiários reportaram nos últimos dias, que a neve no Oriente Médio produziu paisagens de rara beleza. Mas esqueceram de comentar que a mesma neve que produziu o espetáculo maravilhoso, veio a revelar o drama dos refugiados sírios que já pagam um alto preço pela guerra civil no país, sofrem agora com o frio nos campos de refugiados, onde dormem em barracas. “Não havia lugar para eles na hospedaria”. O natal traz o duplo convite: contemplar e agir. Contemplar a encarnação de Deus e agir para que o mundo seja sempre um lugar melhor para acolhê-lo em todas as suas criatura, principalmente nas crianças. Nas crianças – mesmo nos embriões – brilha a luz do menino de Belém.
O drama do casal que se vê obrigado a procurar abrigo na estrebaria foi aprofundado nas misteriosas palavras do prólogo do Evangelho de João: “Veio para o que era Seu, e os Seus não O acolheram” (Jo 1, 11). Além da dimensão social, devemos nos perguntar: estamos verdadeiramente abertos para acolher Deus? Ao fazer-se um de nós, ele quer hospedar-se para sempre com a humanidade. Quer partilhar de tudo o que diz respeito ao ser humano: as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem (GS 1). Mas como naquela noite em Belém, o mundo de hoje, parece não ter lugar. As coisas de Deus parecem nunca ser urgentes, sua presença é até considerada um incômodo. As pessoas andam pelas ruas tão cheias de si mesmas, ocupadas em aproveitar bem o tempo de compras e festas que Deus continua sendo mandado para a estrebaria, lugar afastado, longe da vista de todos.
 O grande desafio das festas natalinas é abrir espaço para que Deus faça morada entre nós, que ele venha para o centro de nossas vidas e, sobretudo, para o centro da festa. Que todos possamos rever a vida á luz do extraordinário acontecimento do Natal: Deus quer entrar em nossa história. Feliz natal a todos!

Diácono Everaldo Antonio

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