Catequese com adultos
De alguns anos para cá, a Igreja tem
colocado ênfase na catequese com adultos. Esta opção se baseia na atenção aos
sinais dos tempos e se insere no amplo processo de renovação desencadeado pelo
Concílio Vaticano II. No âmbito da catequese, um dos frutos principais do
Concílio foi esclarecer que a principal modalidade catequética é aquela que
visa os adultos, pessoas capazes de uma adesão plenamente responsável. A Igreja
foi tomando consciência de que são os adultos e não as crianças os principais
interlocutores da catequese. Dentre
os muitos elementos que se deve levar em conta na Catequese com Adultos,
gostaria de destacar um ponto fundamental a ser observado. Antes de tudo, é
preciso respeitar à realidade da pessoa. É oportuno perguntarmo-nos: quem são
os adultos que precisam de catequese? Os que nunca foram batizados ou aqueles
que foram batizados, mas tiverem uma catequese deficitária? O simples fato de
ser batizado (e crismado) tem como conclusão lógica “não precisar mais de catequese”?
Temos de ter presente que nossa Igreja é formada de pessoas, em sua grande
maioria, batizadas na infância. O batismo das crianças se fundamenta na fé dos
adultos, pais e padrinhos, que se comprometem a transmitir os valores cristãos
aos seus filhos e afilhados. As crianças então recebem primeiramente o primeiro
dos sacramentos de iniciação (o batismo), posteriormente o anúncio missionário
e os conteúdos da fé entremeados pelo segundo sacramento da iniciação (a
eucaristia), e finalmente o último dos sacramentos (a confirmação). Esse
caminho nem sempre é tranquilo e depende muito do apoio e comprometimento dos
pais e padrinhos, como também da comunidade cristã, que por diversas razões nem
sempre dão conta da tarefa. Não se trata de encontrar culpados, mas de
reconhecer que a tarefa de educar as futuras gerações, não apenas na fé e na
religião, mas também nos valores e nos conhecimentos, é desafiadora, difícil e
delicada. Os desafios e dificuldades são ainda maiores nos tempos atuais em que
vivenciamos não apenas uma época de mudanças, mas uma mudança de época. Por conta disso, o respeito à realidade dos
adultos que buscam ou necessitam de catequese se exprime numa atitude ativa de
suspensão de ideias preconcebidas. A comunidade e os responsáveis pelo processo
catequético, não são juízes, mas companheiros de jornada. Por isso, os adultos que buscam a catequese
devem ser acolhidos incondicionalmente em sua individualidade e nas
particularidades de sua história de vida. É o primeiro passo. Paralelamente ao
acolhimento incondicional, deve-se estar atento à possibilidade e à necessidade
de se oferecer um acompanhamento o mais personalizado possível. É o segundo
passo. O adulto anseia por conhecimentos e aprendizagens existenciais, que
partem de questionamentos e indagações ligadas às circunstâncias de sua
realidade de vida. É muito importante levar em conta as experiências vividas,
fazendo com que a catequese seja mediadora da experiência de fé da pessoa.
Portanto, assumir a catequese com adultos é tarefa de toda a Igreja, mediadora
do chamado de Deus. Como nos recorda o Papa Bento XVI na carta apostólica Porta Fidei, “o primeiro sujeito da fé é
a Igreja. É na fé da comunidade cristã que cada um recebe o Batismo, sinal
eficaz da entrada no povo dos crentes para obter a salvação”. (n. 10).
Pe.
André Luiz Giombelli
Paroquia
São Luiz Gonzaga - Iomerê
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